sábado, janeiro 29, 2005

Cântico Cinza-Clarinho

(Vou partir do príncipio que os meus leitores são todos cultos e conhecem o poema Cântico Negro de José Régio.)
Então e se o José Régio tivesse mais bem-disposto quando escreveu o poema «Cântico Negro»?
Sigam a minha linha de pensamento, (mas não a sniffem, ok?): Em vez dum «Cântico Negro» concerteza que iamos ter um cântico a puxar para o mais claro, não era?...
Talvez, um «Cântico Cinza-Rato»... Sim, que o cinza-rato é uma cor escura e é um tom escuro mas não tão escuro como o negro...
E se fosse um dia em que ele tivesse acordado mesmo bem-disposto e estivesse um dia de sol magnifico e a relva verdejante e ele se sentisse mesmo feliz como um duendezinho saltitão...
Poderiamos ter tido um «Cântico Branco-Nuvem» ou um «Cântico Arco-Íris»... (Mas isso do arco-íris também já era um bocado gayzola...)
E se ele fosse do sexo «gaja» e tivesse escrito o cântico durante «os dias dificeis»? Era o "Cântico Vermelho"...
(Um aparte: Aquela parte em que ele diz que sente «...sinto espuma e sangue e cânticos nos lábios...» é de mim ou é a puxar um bocadinho para o kinky? Espuma... Chantilly... Beber sangue... You naughty boy, Mr. Régio!)
E se tivesse sido no dia em que a mulher lhe disse que estava grávida? Ou tinha saído um «Cântico Rosa Claro» ou um «Cântico Azul-Bébé»...
E se ele se estivesse a sentir uma merda? Era o «Cântico Castanho»... (E cheira-me que ia ser um poemazinho merdoso...)
E um «Cântico Laranja"? Iria ter vitamina C ou ia ser como o PSD que é tipo um Orange-Tang?... Lá tanga, é... Refresco (no cu dos outros) basta-juntar-água (que eles também metem muita, lá disso não nos podemos queixar) com muitos corantes e conservantes e teor mínimo de fibras e nutrientes (que é o que importa numa dieta saúdavel e equilibrada para o País) igual a nicles-picles.
E um um «Cântico Dourado» completamente drag-queen... Cheio de lantejoulas e tules plissados... Ou então, com apitos. Vai dar ao mesmo, né?
Enfim... Tantos cânticos que o senhor Régio podia ter escrito... Tantos e de tantas e variadas cores mas não, ele foi logo escolher o negro... Tirou a vez ao Morte Negra... A Eu, se fosse o Ele dizia-lhe 'poucas e bouas'... "Esse cântico devia ter sido escrito POR MIM, oubiste ó tótó?"
Mas pronto, pronto... O Sô Régio quis o negro... Pronto, senhor Régio já ficamos a saber que o senhor não é racista.

Mas vá lá, eu que estive aqui a pensar e a fumar e a fumar e a pensar de volta os pensamentos...

Quero dedicar este poema ao Morte Negra pois para ele tudo é negro e tanto assim que eu creio que quando os Rolling Stones escreveram a «Paint It Black» estariam provávelmente a pensar nele... Eu não sou o Mick Jagger... (E ainda bem, ao pé de mim vocês iam achá-lo um homem deslumbrante... Apesar de como mulher, a Eu ganha-lhe por centenas de pontos... É que a Eu, como homem... É simplesmente horrível)... Mas mesmo assim, para a melhor ou para pior, cá deixo a minha homenagem ao MN para quem a vida é tão negra como a própria morte.

E este cântico que eu escrevi plagiando e parodiando esse grande poeta que é José Régio, é baseado em factos reais e sim, é o meu «Cântico Cinza-Clarinho» porque a vida nem sempre (quase sempre) é preto no branco logo é cinza, e apesar de haver mais cores para simbolizar isto, o cinza é aquele tom intermédio do equilibro e do esbatido ao passo que o clarinho significa alguma esperança num futuro mais radioso...

Portanto Zé Régio, se não te importas vamos a isso...

CÂNTICO CINZA-CLARINHO


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: "vem por aqui!"

Eu olho-os com os olhos semi-cerrados,

(Há, nos meus olhos, raios avermelhados) - (É do paiva…)

E cruzo os braços, E nunca vou por ali... (Para quê? Tou aqui tão bem!)

A minha glória é esta: CRIAR JOCOSIDADE!

Não deixar de copiar ninguém!— Que eu vivo com o mesmo à-vontade

Com que vou ao ginásio com a minha mãe!

Não, não vou por aí! Só vou por onde

Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!"?


Prefiro escorregar nas cascas de banana e pisar cócó,

Ir ver um filme de «Zombies» com a minha avó,

Como se fosse Páscoa todos os dias, alimentar governos a pão-de-ló,

A ir por aí...Se vim ao mundo, foi

Só para seguir a filosofia ZEN e a do «carpe diem»,

E e fazer com que cada dia seja enriquecedor e gratificante!

O mais que faço não vale nada.


Como, pois, sereis vós

Que me dareis amizade, vontade de viver e coragem

Para eu deitar abaixo os meus obstáculos?...

Corre, nas vossas veias, o principio activo - T.H.C.,

E vós amais o que é fácil! Enrolar…

Eu amo o Longe e a Miragem (E é cada miragem, mira «man»… Que eu sór... vino!)

Amo os sorrisos, os risos e as passas...


Ride! Tendes estradas (esburacadas),

Tendes jardins (ou são estádios?),

tendes canteiros (com plantas ilegais na marquise?),

Tendes produto, tendes mortalhas,

E tendes Música e Cinema e Teatros... e o Canal Parlamento...

(Que da maneira que as coisas estão na política Portuguesa ainda se vai chamar o «Anal Parlamento»... Não é que eles, os políticos, além de serem panascões ainda passam a vida a enrrabar-se uns aos outros?)

Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um charro, a arder na noite escura,

E sinto fumo, e leveza, e sorrisos nos lábios...

dEus e o Bill Hicks é que me guiam, mais ninguém!

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; e eu também…

Portanto eu, que principio e hei-de acabar um dia,

Nasci fruto duma queca que os meus pais deram numa noite de verão.


Ah, que ninguém me dê piadas fraquinhas,

Alguém que me peça sketches!?!

Ninguém me diga: "vem por aqui"!

A minha vida é uma gargalhada que se soltou,

É um show que se levantou (e riu),

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

(Ninguém sinaliza esta merda deste país como deve ser! Como hei-de saber, porra!!!

Depois queixam-se que há acidentes rodo-aviários... Ou lá o que é!... Nas estradas é só galinholas à solta...)

Sei que não vou por aí!

Copyrighted to: Inês Ramos 2005 (c) All Rights Reserved.

5 Comments:

Blogger A Besta disse...

Eu diria que é um cântico cinza-clarinho, com um tom acastanhado de calhau de ganza. http://abestapt.blogspot.com/

9:18 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

"Se o José Régio EStivesse mais bem-disposto"

Belo arco-íris.
Continua!

9:13 da manhã  
Blogger Inês Ramos disse...

Sir Paul, claro que lembro... Essa 'queima' foi muito triste para mim. Não tinha com quem ir... Não tinha com quem vir... :(((

Ok, Mr. Morte Negra. O recado foi entregue. Bj0s

9:16 da tarde  
Blogger Inês Ramos disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

9:16 da tarde  
Blogger Inês Ramos disse...

Claro que sim. Ele vai repetir.
"...Protege o teu círculo, a base da vida são a familia e os amigos..." - Fuse

E a propósito, é esta a frase da semana. ;)

8:37 da manhã  

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