Carta de Ódio ao Ken
A verdade é que te desprezo. Odeio, com todas as veias do meu pequeno coraçãozinho negro. Tudo que tu és e representas para mim. Mesmo que para mim só representes uma latrina para a qual canalizo o meu mais corrosivo, sulfúrico e ominioso ódio. E de repente, ó cruel fantasia, imagino-te debaixo do meu perfurante olhar enquanto qual criatura subreptícia te injecto tranquilizantes e barbitúricos. Tu, vítima solitária do teu gesto incauto, sofres a ira de meu ser que me faz ferver as entranhas. Sacio a Besta que me habita e me faz espumar. Subitamente estás atrapado em trapos e duct tape prateada. A roupa de marca, de marcas betas de merda, que exibes com tanto orgulho, sempre impecavelmente vestido vadias pelos corredores da empresa (nas inúmeras alturas em que te resolves a sair do teu cubículo em Mordor), está retalhada e desfeita em fiapos. Estão expostas as tuas carnes ossudas e macilentas de workahólico anoréctico que tanto trabalha que até se esquece de comer. Talvez por isso demora mais a passar o efeito da poção mágica que te ministrei na tua saliente jugular. Imóvel, com os músculos subdesenvolvidos retesados como se tivesses chutado pelas veias acima, um caldo mix de heroína e bótox, abres lentamente as pálpebras finas e pequenas que encobrem o azul translúcido e enevoado desses olhos baços e gélidos de fuínha. Fito-te com os olhos raiados e brilhantes ansiosa pelo que vem a seguir...
Etiquetas: Desabafos Ocultos
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